Discussões e embates que envolvem uma língua ou outra, por meio de gestualistas e oralistas, tem colocado durante séculos, a pessoa com surdez, numa condição de exclusão.
Uma nova política de educação no Brasil, tem se consolidado numa perspectiva de inclusão de todos, tornando-se promissora no ambiente escolar e nas práticas sociais,mas muitas questões e desafios devem ser revistos e discutidos,para que, as práticas de ensino e aprendizagem na escola realmente sejam transformadas em uma educação possível , às pessoas com surdez.
A pessoa com surdez não é considerada um deficiente sem possibilidades,mas, uma pessoa que possui uma perda auditiva, com um potencial a ser desenvolvido , capaz de ser uma pessoa que destaca-se pela sua consciência, pensamento e linguagem, em seu ambiente escolar e social.
Assim sendo, deve-se pensar e construir uma prática pedagógica que se volte para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez, na escola, respeitando contextos reais e as diferenças. Em uma concepção moderna, a pessoa com surdez, tem na abordagem bilíngüe uma ótica multicultural, em que a Libras e a Língua Portuguesa, ensinadas no ambiente escolar, respeitando componentes cultural, histórico, textual, interacional e pragmático, ou seja, envolvem o estudo da fonologia, morfologia, sintaxe, léxico e semântica, organizando seu pensamento, linguagem e realidade social, proporcionando dessa forma, amplas possibilidades sociais e educacionais.
Para tanto, faz-se necessário proporcionar a pessoa com surdez um ambiente escolar que seja estimulador, que desafiem seu pensamento e exercite sua capacidade de percepção e cognição, garantindo uma aprendizagem significativa, através da abordagem bilíngüe, legitimada por meio do Decreto 5626, de 5 de dezembro de 2005, que determina o direito de uma educação que garanta a formação da pessoa com surdez, em que a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, preferencialmente na sua modalidade escrita, constituam línguas de instrução, e que o acesso às duas línguas ocorra de forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o desenvolvimento de todo o processo educativo (DAMÁZIO).
O fracasso escolar da pessoa com surdez advém de práticas pedagógicas desestimuladoras desrespeitando suas diferenças e limitando suas possibilidades. Esse ser humano precisa ser trabalhado no espaço escolar como um ser que possui uma deficiência, e que essa diferença e limitações, que devem ser reconhecidas e respeitadas, mas não podemos justificar o fracasso nessa questão, em virtude de cairmos na cilada da diferença, segundo (PIERUCCI,1999).
Uma escola é inclusiva quando explora todas as capacidades, em todos os sentidos, do aluno com surdez, através da transformação da escola e das suas práticas pedagógicas excludentes em inclusivas.Nesse contexto de compreensão é que , é proporcionado ao aluno com surdez o Atendimento Educacional Especializado por meio da Política Nacional de Educação especial na Perspectiva Inclusiva, que disponibilizará serviços e recursos .
O AEE PS, na perspectiva inclusiva, estabelece como ponto de partida a compreensão e o reconhecimento do potencial e das capacidades desse ser humano, vislumbrando o seu pleno desenvolvimento e aprendizagem.
As práticas de sala de aula comum e do AEE devem ser articuladas por metodologias de ensino que estimulem vivências e que levem o aluno a aprender a aprender, propiciando condições essenciais da aprendizagem dos alunos com surdez na abordagem bilíngüe.
O AEE promove o acesso dos alunos com surdez ao conhecimento escolar em duas línguas: em Libras e em Língua Portuguesa, a participação ativa nas aulas e o desenvolvimento do seu potencial cognitivo, afetivo, social e lingüístico, com os colegas da escola. A elaboração do Plano de AEE inicia-se com o estudo das habilidades e necessidades educacionais específicas dos alunos com surdez, bem como das possibilidades e das barreiras que tais alunos encontram no processo de escolarização.
Conforme Damázio(2007), o AEE envolve três momentos didático-pedagógicos: Atendimento Educacional Especializado em Libras, que fornece a base conceitual dos conteúdos curriculares desenvolvidos em sala de aula; Atendimento Educacional Especializado de libras, que desenvolve-se os conceitos em Libras de forma vivencial com recursos didáticos;Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa, em que trabalha-se com a proposta didático-pedagógica para o ensino da língua portuguesa escrita para os alunos com surdez em uma concepção bilíngüe, procurando através destas três propostas desenvolver nos alunos com surdez, a língua , a linguagem, o pensamento, as aptidões, os interesses, as habilidades e os talentos humanos, assegurando uma formação ampla, dimensionada e conectada nos tempos atuais(DAMÁZIO).
Referências Bibliográficas:
DAMÁZIO, Mirlene F.M.,ALVES,Carla B. e FERREIRA,Josimário de P. Educação Escolar de Pessoas com Surdez In AEE: Fascículo 04: Abordagem Bilíngue na Escolarização de Pessoas com Surdez. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010.
DAMÁZIO,M.F.M.;FERREIRA,J.Educação Escolar de Pessoas com Surdez – Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão:Brasília:MEC,v.5,2010.p.46-57.
Cursista: Kely Cristiny da S.N. de Souza T 26 a - Campo Grande MS